Substância presente na planta Cannabis sativa, popularmente conhecida como maconha, o canabidiol, ou CBD, vem sendo cada vez mais usado pela indústria cosmética na criação de produtos que promovem beleza e bem-estar.
Apesar do uso cosmético do CBD já ser uma realidade em muitos países, entre eles os Estados Unidos, no Brasil tal substância ainda não é autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Mas há uma espécie de fade de CBD para preencher essa lacuna, ou melhor, um fitocanabinoide formulado a partir de óleos amazônicos com qualidades semelhantes a canabidiol: o Cannabinoid Active System (CBA).
No mercado brasileiro, é possível encontrar cremes hidratantes com CBA, além de outros cosméticos como xampu e condicionador. Na pele, além da hidratação e da proteção solar que já são comuns nos cremes tradicionais, os produtos à base de CBA (e de CBD) promovem sensação de bem-estar, redução da inflamação e melhorias em processos de cicatrização.
Um pouco de história
Apesar dos aspectos culturais da atualidade, a Cannabis sativa é uma das plantas mais cultivadas pela humanidade. Dados arqueológicos e históricos apontam que a planta era cultivada na China desde 4000 a.C. para a produção de fibras.
Já o uso da Cannabis sativa como medicamento data de 2400 a.C. também pelos chineses, que a utilizavam no tratamento de dores reumáticas, constipação intestinal, distúrbios do aparelho reprodutor feminino, malária e outras doenças.
As primeiras pesquisas em torno do uso medicinal da maconha tiveram início nos anos 1960 e, hoje, no Brasil, o canabidiol pode ser indicado para o tratamento de epilepsia refratária em crianças e adolescentes que não respondem a outras terapias disponíveis, principalmente em casos de síndrome de Lennox-Gastaut, síndrome de Dravet e esclerose tuberosa.
O canabidiol apresenta possíveis benefícios no tratamento da doença de Parkinson e Alzheimer, tratamento da dor crônica, ansiedade e em pessoas com câncer, por exemplo. No entanto, não há comprovação suficiente até o momento para que seja recomendado pela Anvisa ou pelo Conselho Federal de Medicina.
Cosmético com CBD
Até o final de 2021, o banco de dados Clinical Trials havia catalogado 1.180 estudos clínicos em andamento relacionados à Cannabis sativa, dos quais 22 tratavam especificamente dos efeitos do CBD sobre a pele.
O uso cosmético da maconha tem movimentado a indústria por três importantes aspectos:
1) Os canabinoides podem modular diversas condições inflamatórias e resposta imune por meio do sistema endocanabinoide, um importante aliado na regulação e equilíbrio de uma série de processos fisiológicos do corpo humano.
2) As propriedades benéficas do óleo de semente de cânhamo para a pele.
3) A diversidade de compostos biovativos menores presentes nos canabinoides, como terpenos, flavonoides, caratenoides e fitoesterois.
O CBD ainda não é uma realidade na indústria cosmética brasileira, mas, tendo em vista que o País representa o quarto maior mercado consumidor de produtos de higiene e beleza do mundo, não vai demorar muito para um hidratante de maconha surgir no mercado.